Por Paulo Ludovico 
Em todos os cantos existem pessoas que nascem para um determinado tipo de atividade. É aquela danada da vocação. E tem de ser respeitada mesmo. Muito cabra bom, pensando saber o que quer, às vezes se perde no meio do caminho e, quase sempre, tem de voltar pra se submeter à tal da vocação. Ser comerciante, por exemplo, só para quem tem jeito. Comprar bem, sentir a exigência do mercado e saber vender. Tudo isso é que forma a arte do ser comerciante. Ver o “caboco” (certo seria caboclo) em pé, ali por perto, olhando pra sua mercadoria, e como diz o matuto, tirar uma mira do sujeito, e daí, ter o retrato dele. Vai comprar ou só quer “encher o saco”? Será que é bom pagador? Tem comerciante que bota na prateleira exatamente o que o povo quer. Isso é um dom. Conheço muitos assim. Quando eu era garoto, conheci “seu” Zoroastro Pinto, avô de Zó e Kel. Ele era dono de uma loja que ficava ali na Travessa Lima Guerra. Tinha de tudo. Quem quisesse consertar um ferro-elétrico, faltou peça no mercado, “seu” Zoroastro tinha. E não era só isso, não. Seu Zoroastro tinha qualquer tipo de parafuso (ainda que fosse uma unidade de cada um. Outro assim era João Couto, que ficava no Mercadão. Esse, também, tinha de tudo mesmo. Até galocha (será que alguém sabe o que é isso?) o homem tinha. E por falar em João Couto, ainda esta semana o Aparecido, dos melhores professores de Matemática que já conheci (aquele mesmo de outros casos, já contados por mim), me contou essa de João Couto, o comerciante que vendia de tudo.