Causos de advogado: Troca de papeis 2q462s

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Gustavo de Magalhães | Advogado | gustavodemagalhaes@hotmail.com

Sempre tenho que lembrar que eu já fiz (e faço) muitas audiências por dia, e estou acostumado com aquele ritual, mas, o cliente não. Por muitas vezes é a primeira experiência dele participar daquele ato muitas vezes formal. No começo de minha carreira, lá em Ilhéus, no século ado, um amigo que trabalhava na justiça do trabalho, Mauro, aconselhava: “Faustinho, você tem que se travestir do seu cliente” (duvidas quanto o “Faustinho”? Não?). Leia na íntegra.

Aquela dica me marcou muito, e trouxe comigo essa máxima até hoje. Antes que pairem duvidas sobre a utilização da expressão, quiçá de minha masculinidade, o que ele queria dizer naquele instante é que para saber defender o cliente ou lutar pelos seus direitos, eu teria que me sentir como ele, vestir a sua vida, trocar de lugar com ele. Como eu reagiria em determinada situação!

E isso tem me ajudado na teoria, mas na prática não é bem assim.

E quando não substitui mentalmente o cliente, mas sim servi dentro de um processo como testemunha? Imagine a situação.

E nesse episódio, o juiz era um velho conhecido de nossos causos, o Doutor Valtércio. Esse era famoso já pela maneira peculiar de tomar o compromisso e inquirir a testemunha, de forma muito inteligente e com a malícia que se adquire com a vivência.

Exemplo disso é que, no meio da formalidade do processo ele tem que perguntar a testemunha se ela é “parente, amiga da parte ou inimiga da outra”, porque a depender da resposta desta, fica caracterizado a falta de isenção ou o interesse em ajudar uma das partes, o que é proibido por lei.

Doutor Valtércio, cabeça branca, a seriedade em pessoa, mas “quem conhece que te compra”, como diria os antigos, mas impondo o natural respeito, vira-se e pergunta à testemunha: “o senhor não é amigo do reclamante" crossorigin="anonymous">

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