Fotos: Blog do Anderson
Vanda Barreto sabe o que a baiana tem e quer, e deixa isso bem claro. Radicada em São Paulo desde a década de 70, essa culinarista “arretada” ou pela metalurgia e pela área de confecções até entrar definitivamente no ramo da culinária. Mas para quem acha que é só saber cozinhar que as coisas dão certo, estão enganados. Vanda teve que lutar muito pelos seus dons e pelo seu espaço até conseguir ser o que é hoje: uma “vitoriosa”. “Agarrando” todas as oportunidades que teve em São Paulo, a culinarista se fixou como dona de um dos melhores temperos baianos da cidade. Mas não foi da Bahia que ela trouxe as receitas, ao contrário: aprendeu com a vida, “aqui mesmo, em Sampa”. Aos 55 anos, a sorridente e simpática Vanda, que está sempre dançando quando é convidado do Dia Dia, está pensando em finalmente parar com as lutas na capital paulista. Mas se engana quem acha que ela vai parar de vez assim, tão fácil. Em Vitória da Conquista, Vanda, irmã do cantor Vadinho Barreto, já atende em seus restaurante, localizado na entrada principla da Urbi V, o pela Avenida Brumado. Confira a seguir a entrevista concedida por Vanda ao eBand.
Quando você começou a cozinhar?
Eu cozinho desde os 9 anos de idade, quando minha mãe morreu. Eu tinha que fazer comida para os meus irmãos, que me criaram.
E onde você morava?
Nasci em Itabuna, mas me criei em Itapetinga. De lá, viemos para São Paulo, os seis. Eu tinha 17 anos. Dois anos depois, a família voltou para Vitória da Conquista, na Bahia, mas eu fiquei com meu irmão e comecei a trabalhar na metalurgia. Fui metalúrgica por 10 anos, então achei que não era aquilo que eu queria para mim. Montei uma butique dentro do meu apartamento para vender roupa, ser sacoleira. Trabalhei muito em São Caetano, na Rua das Noivas. E comecei a dar desfile de moda no meu apartamento, meu irmão até hoje é estilista. Mas acho que, como eu trabalhava dentro da minha casa, não deu certo. Então, abri um café expresso.
Já mudou de ramo. Mas por que você decidiu mudar assim? Por que a loja de roupas não deu certo?
Por causa do Plano Collor, que acabou com tudo. Com o dinheirinho que sobrou, eu decidi montar esse café que falei. Muitos médicos da Santa Casa iam nesse lugar, era o Café Expresso Aconchego, o aconchego dos médicos. E então comecei a fazer acarajé uma vez por mês, sendo que eu nem sabia fazer direito na época. Mas era todo mundo, médico, dentista, todo mundo ia comer o meu acarajé. Com isso, eu abri um restaurante embaixo do expresso para fazer comida, comidinha mesmo, caseira, da mamãe, para os melhores médicos de São Paulo. E todo mundo me pedindo para eu abrir um restaurante grande. Foi quando eu vendi meu café expresso e abri o Restaurante Vanda Vatapá da África.
Quando foi isso?
Em 1994. E, menina, esse restaurante… Aluguei um casarão velho, comecei a reforma. Meu marido tinha um dinheiro bom, mas foi quebrar uma parede e derrubou tudo. Então gastei meu dinheiro todo para reconstruir o casarão, mas consegui abrir o restaurante. Fiquei 3 anos e 8 meses com ele. Mas tinha um problema: eu fui assaltada seis vezes! E eles vinham, quebravam tudo, e eu tinha que fechar para consertar. Aí o pessoal chegava e perguntava: “mas por que está fechado" crossorigin="anonymous">